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De acordo com os princípios da medicina tradicional chinesa, as sementes de Strychnos nux-vomica são usadas, depois de um processamento de forma a diminuir a toxicidade, para aliviar as dores, promover a circulação sanguínea e curar a indigestão sendo incluído como ingrediente em muitas prescrições com efeito analgésico.[1]

A brucina, muito presente nas sementes de Strychnos nux-vomica, apesar de ainda não ter uso clínico,[1] parece possuir diversos efeitos terapêuticos e possíveis aplicabilidades.

Possível uso terapêutico ?  A via transdérmica

 

Sabe-se que a brucina tem uma atividade anti-inflamatória e analgésica [4] contudo ainda não se usufrui dos benefícios deste alcaloide uma vez que a toxidade severa para o SNC é o maior obstáculo para que não haja aplicação clínica. [6]

Recentemente foi provado que a brucina tem efeito anti-inflamatório e analgésico mesmo pela via transdérmica, sendo que por esta via a atividade farmacológica mantem-se por muito mais tempo e o tempo de semi-vida aumenta 8 a 12 vezes comparando com a via intravenosa. As flutuações do valor de brucina no cérebro e plasma são marcadamente diminuídas pela via transdérmica, o que pode significar uma redução da sua toxicidade quando administrada por esta via. Além disso a brucina consegue difundir-se facilmente através da pele e não provoca toxicidade nesta. Todos estes fatos indicam que a via transdérmica posso vir a ser usada para manter a eficácia e reduzir a toxicidade da brucina.[6]

 

 

Dietilnitrosamina (DENA), um potente causador de carcinoma hepatocelular, tem sido considerado como um dos modelos experimentais melhor caracterizados, permitindo a triagem de potenciais compostos anti carcinogénicos em várias fases de transformação. Este estudo foi feito em ratos, uma vez que DENA induz tumores em roedores que mimetizam os carcinomas hepatocelulares humanos, permitindo a extrapolação de potenciais efeitos quimiopreventivos.

Desta forma, no estudo usou-se um controlo (grupo B), ao qual foi administrado DENA, o que originou aberrações hepatocelulares, com a variação de tamanho e irregularidades. Ao grupo C administrou-se DENA + Brucina (50 mg/kg) mostrando que os hepatócitos mantiveram uma arquitetura semelhante à arquitetura hepatocelular dos ratos saudáveis não sujeitos a qualquer tipo de xenobiótico (grupo A). [7]

 

O fator 1 induzido pela hipoxia (HIF-1) é um dos fatores de transcrição chave mediadores da metastização e vascularização do tumor, sendo o HIF-1 um factor importante na progessão e metastização do tumor. Os quatro genes regulados por este fator, e que aumentam a sua transcrição em resposta a este, são a fibronectina, Mmp2, LOX e Cstd, sendo os responsáveis pela migração celular.

O estudo demonstra que a brucina suprime este fator, que por sua vez inibe a transcrição de fibronectina, Mmp2, LOX e Cstd, o que se traduz numa supressão da migração celular in vitro e numa supressão da metastização in vivo do carcinoma hepatocelular.

Assim o estudo demonstra que a Brucina apresenta uma grande capacidade para o controlo do carcinoma hepatocelular pela inibição do HIF-1. [8]

Os resultados indicam que a brucina tem uma ação quimiopreventiva no carcinoma hepatocelular induzida por DENA, tendo assim um efeito preventivo da peroxidação lipídica, na lesão hepatocelular, possuindo um elevado efeito antioxidante. [7]

[1] Philippe G, Angenot L, Tits M, Frédérich M. About the toxicity of some Strychnos species and their alkaloids. Toxicon. 2004; 44(4):405-416

[4] Yin W, Wang TS, Yin FZ, Cai BC. Analgesic and anti-inflmmatory properties of brucine and brucine N-oxide extracted from seeds of Strychnos nux-vomica. J Ethnopharmacol. 2003; 88:205–14.

[5] Oliva P, Aurilio C, Massimo F, Grella A, Maione S, Grella E, Scafuro M, Rossi F, Berrino L. The antinociceptive effectof tramadol in the formalin test is mediated by the serotonergic component.European Journal of Pharmacology. 2002; 445 :179–185

[6]Chen J, Hu W, Qu Y, Dong J, Gu W, Gao Y, Fang Y, Fang F, Chen Z, Cai B. Evaluation of the pharmacodynamics and pharmacokinetics of brucine following transdermal administration. Fitoterapia. 2013 ; 86: 193-201

[7]Saraswati S, Alhaider AA, Agrawal SS. Anticarcinogenic effect of brucine in diethylnitrosamine initiated and phenobarbital-promoted hepatocarcinogenesis in rats. Chemico-Biological Interactions. 2013; 206: 214–221

[8] Shu G, Mi X, Cai J, Zhang X, Yin W, Yang X, Li Y, Chen L, Deng X. Brucine, an alkaloid from seeds of Strychnos nux-vomica Linn.,represses hepatocellular carcinoma cell migration and metastasis: The role of hypoxia inducible factor 1 pathway. Toxicology Letters. 2013; 222: 91– 101

Propriedades Anti-inflamatórias e analgésicas

 

A brucina demonstrou uma inibição significativa da libertação de prostaglandina E2 no tecido inflamatório e uma redução da quantidade de 6-ceto-PGF1a no plasma. Isto mostra que apresenta um mecanismo de ação similar aos anti-inflamatórios não esteroides. Além disso também demonstrou uma redução da permeabilidade vascular. [4]

 

A 5-hidroxitriptamina (5-HT), presente nos tecidos inflamados, pode causar dor quando libertada pelas plaquetas e mastócitos durante o processo inflamatório.[5] A brucina inibe a libertação de 5-HT no tecido inflamatório provavelmente pela estimulação da MAO, enzima que degrada a 5-HT. Desta forma este alcaloide tem um efeito analgésico. [4] 

Comparação da migração celular do grupo controlo com a Brucina.

Efeito Anticarcinogénico

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